segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pico da Bandeira, dias 21,22 e 23 de abril de 2011 - Subida pelo ES

Pico da Bandeira, dias 21,22 e 23 de abril de 2011.

A nossa aventura começa um bom tempo antes dessa data. Fomos eu, minha esposa Lili e um colega, chamado Christian. Como nunca havia ido antes, foram tempos de pesquisa, leitura de relatos, estudo de roteiros, pensando no que levar, etc. Indo de carro, acabamos por ficar mais a vontade para carregar peso extra, que talvez nem seja usado lá.


Programa-mos nossa saída de Guarapari-ES para o dia 21, as 7:00 h da manhã, pois queria ir devagar, passeando e curtindo a viagem, que já se fazia inesquecível só por imaginar o que nos esperava. Ver o sol nascer no ponto mais alto dentro do Brasil somente por fotos é algo que deixa qualquer um com água na boca, com vontade de presenciar pessoalmente. Isso nos motivava.

Christian saiu de Vitória-ES de moto e combinamos de nos encontrar em Guaçui-ES, para então seguirmos juntos o restante da viagem. Como motos não podem subir no parque, ele deixaria a Fazer 250cc dele na portaria e subiria comigo até o camping Casa Queimada. Escolhi esse camping por ser o ponto mais longe que chega veículo. Preferi acampar próximo do carro, pra evitar carregar peso. Foi uma decisão acertada...rsrs..

Com tudo preparado saímos de Guarapari e seguimos viagem até Cachoeiro, depois Jerônimo Monteiro, Alegre e Guaçui, onde encontramos o Christian deitado no gramado da estátua do cristo. Passamos a mochila dele pro nosso carro e seguimos viagem após algumas fotos. O tempo estava instável, mas com previsão de sol no feriado.

Continuamos a viagem, saindo de Guaçui e seguindo para Dores do Rio Preto e depois Pedra Menina, ultima parada antes do parque. Aproveitamos para almoçar no restaurante da Dona Sebastiana, ótima comida caseira, simpática senhora que cobra de acordo com a cara do freguês. Verdade, não há tabela de preços. Primeiro você come a vontade, depois ela te passa o preço. Pagamos R$ 13,00 por pessoa.. Preço razoável, já que se fosse num self-service normalmente sairia mais caro.



Saímos do restaurante, ainda conversando com um morador da região, o qual nos indicou a estrada para seguir para a entrada do Parque. Seguimos por ela, cerca de 8 km de estrada de lama e barro, até que chegamos ao fim dela, a portaria do ES. Qual nossa surpresa quando o guarda-parque nos questionou porque não viemos pelo asfalto, numa estrada paralela a aquela que passamos. O abençoado que nos deu a informação da estrada em Pedra Menina não nos informou que se atravessássemos uma pequena ponte, sairíamos de Pedra Menina e iríamos para Paraíso, MG, onde a estrada é toda asfaltada e passa exatamente na portaria do ES. Sei lá, pensando nisso entendo que talvez tenha algum ciúme, ou rivalidade entre os moradores do ES e MG, já que dizem que o lado mineiro é mais desenvolvido do que o lado capixaba. Pelo menos a estrada é asfaltada por lá.....



Chegando a portaria, os guardas bem educados e solícitos, preencheram um relatório onde anotaram o horário, placa do carro, dia de entrada e dia de saída. Eu havia sido orientado por eles, quando fiz a reserva pelo site, a pagar apenas uma diária, e se fosse ficar mais dias, pagaria na saída. Evitaria perder dinheiro se pagasse para ficar todos os dias e por algum imprevisto viesse embora antes. E assim fizemos.

Passamos pela revista normal, pra ver se não havia bebida alcoólica no carro, nas bolsas, na verdade a revista foi bem por alto mesmo, nem precisou abrir as mochilas. Christian deixou a moto na parte de dentro da portaria e entrou no carro conosco, ante um guarda meio incrédulo de que conseguiríamos subir até o camping. Havia chovido, a estrada muito íngreme estava bem escorregadia. Uma van retornou porque não conseguiu. A maior parte é calçada com bloquetes, o que facilita e muito o trafego. Alguns pontos ainda de barro, estavam quase impossíveis de subir. Quase... assim que começamos a subida, logo no primeiro trecho de chão, o carro começou a patinar. Tivemos que descer Lili e Christian para conseguir avançar. Desci um pouco e no embalo e com sorte, consegui passar esse trecho. Foi difícil, realmente é bem íngreme e com lama ainda fica mais difícil. Andei uns 300 metros até um ponto em que dava para parar e esperei pelos dois, que vinham lá embaixo com a língua pra fora.... rsrs. Acabei sem querer parando perto dos ex ocupantes da van que havia retornado. Eles estavam com mochilas enormes, pois estavam preparados para fazer a travessia. Eram de SP. Fiquei com dó, pensando que ainda teriam 9 km de subida e chuva pela frente, até o camping.
Seguimos subindo, sempre em primeira marcha, forçando bastante o carro. A estrada é tão íngreme que por momentos tivemos que parar para dar um refresco na embreagem, que já apresentava sinais de fadiga. Em outro trecho sem calçamento, foi o mesmo problema. Dessa vez, o Christian deitou em cima do capô do carro para fazer peso na dianteira e conseguirmos passar esse trecho, que fica numa laje de pedra. Com sufoco, passamos por esse que era o último ponto escorregadio. Nos trechos que eram de chão, havia muita pedra solta. Sinceramente, achei a estrada horrível nesses pontos. Íamos contando as placas com a km da estrada, até que chegamos ao final. Chovia fino, uma leve garoa, mas estávamos confiantes que o tempo melhoraria até o dia seguinte. Chegamos ao camping por volta de 2:00 h da tarde, montamos as barracas, e fomos preparar um chocolate quente para fugir da friagem que já se mostrava. É impressionante como o tempo muda de repente lá em cima. Chegamos com garoa, mas rapidamente o tempo limpou e o sol apareceu. Rapidamente também voltou a chover.

Mas para nós tudo era festa, estávamos ali para subir o pico e nada ia tirar o nosso ânimo. Foi chegando mais gente, fomos nos entrosando com os que já estavam lá e logo fizemos amizade com 3 paulistas e 1 carioca. Havia também 2 casais de Campos - RJ. Lá pelas 6:30 começou a chegar o pessoal que havia descido da van, pelos quais passamos quando começamos a subir. Estavam preparados para a travessia e se mostraram animados, apesar do cansaço. A noite foi chegando, banho que é bom nada (eu já havia tomado antes de sair de casa.... Hehe) e eu só colocando as roupas de freio. Quando caiu a noite, estava com 4 blusas de frio e mais o gorro. Fomos preparar o jantar, havíamos levado sopão, almôndega e feijoada em lata. Usamos as espiriteiras a álcool que aprendi a fazer aqui mesmo no mochileiros, e que funcionaram muito bem.



Quanto à alimentação estávamos tranqüilos, bem alimentados. Do jeito que estava o tempo não dava pra subir aquela madrugada. Conversamos e preferimos descansar naquela noite, deixando a subida para o outro dia. Lá pela meia noite, ouvimos uma conversaiada de gente do lado de fora, e percebemos que estavam de passagem, subindo para o pico, apesar do tempo adverso. Não estava chovendo, mas o tempo estava nublado. Voltamos a dormir. Como é gostoso dormir com o barulhinho da chuva caindo na barraca. Como minha barraca é meio vagaba, levei um plástico preto, desses que vende em casa de ração. Foi ideal para proteger a barraca da chuva, e de quebra ajudar a segurar um pouco da friagem. Como eu e Christian armamos a barraca de frente uma para a outra, a cobertura serviu como varanda, área de serviço e cozinha.. hehehe....

Dia 22, sexta, amanheceu com um sol muito bacana e a previsão de tempo bom estava se confirmando. Preparamos o café da manhã e saímos para fazer uma caminhada até a cachoeira da Farofa, cerca de 4,5 km morro abaixo. Descer cansa, mas a subida é pior.



Chegando ao camping, suado pensei que era a hora do banho. Me enchi de coragem e parti para o ataque ao chuveiro. Foi pior do que eu pensava. A água que batia na cabeça, era semelhante a facas sendo enfiadas no meu crânio. Doía muito..... E o miserável do chuveiro com água fraca, fazia o sofrimento durar uma eternidade. O pior foi a minha falta de informação, que fez com que eu me ensaboasse todo, para então me lavar. Esse engano me custou caro. A água fria fez com que a gordura do sabonete se solidificasse, fazendo com que a o sabonete não saísse facilmente. Foram minutos torturantes debaixo do gelo que chamavam de água. Putz....

Enfim, após o sofrido banho, fomos almoçar e tirar um soninho para descansar. A tarde lá no camping é pra conversar fiado, fazer planos para a subida de madrugada. A noite chegando e continuava chegando gente. Não sei como é o camping em MG, mas pelo lado do ES é super tranqüilo. Sem barulho, bagunça e a gritaria que são relatadas pelo outro lado.

A noite chegou e com ela o frio. Acompanhava-mos o termômetro que o Christian havia levado vendo a temperatura cair numa velocidade impressionante, quando ouvimos um som de violão. Christian não pensou duas vezes e na cara de pau foi lá e pediu o tal emprestado, enquanto o pessoal armava as barracas. Foi a senha pra juntar gente ao redor da mesa que estávamos e começar o show. O pessoal tava animado foram bons momentos ali. Fomos dormir lá pelas 10:00 h, nos programando de acordar a 1:30 h.


Dia 23, sábado. Acordamos com um monte de gente passando pelo camping por volta de meia noite. Voltamos a dormir e levantamos já eram 2:00 h da madrugada. Juntamos um grupo de 5 pessoas, sendo eu e Lili, a Lívia e Rodrigo e Christian. Iniciamos a subida as 2:20 h, e nenhum de nós havia subido antes. Confiamos que seria fácil seguir a marcação no caminho e acompanhar outras pessoas que estavam subindo também. É uma subida muito puxada, forte.

A noite estava linda, o céu estrelado e sem vento nenhum, o que tornava a subida menos desgastante. Lá íamos nós fazendo paradas esporádicas, afinal as moças que estavam conosco cansavam né.... hahsusushshus....são 4,5 km praticamente só subindo, com raros trechos em linha reta, e mais raros ainda trechos de descida. 

Quase no topo do Pico do Cristal, encontramos uma moça que havia torcido o pé e estava sendo carregada de volta. Se a subida foi dureza, imagine a volta dessa forma.




Mais algumas paradas e finalmente fomos nos aproximando do Pico. O sol já se mostrava colorindo o horizonte e nós aceleramos o passo pra chegar ao topo antes que ele mostrasse a cara de verdade. A previsão para o nascer do sol era 6:00 h em ponto. Quando finalmente chegamos, eram 5:50 h. Aí foi o momento inigualável de contemplar um dos maiores espetáculos da natureza, o momento mágico do nascer do sol. É impressionante a quantidade de gente que estava lá em cima. Uns chegaram bem antes e passaram um frio medonho. Outros se atrasaram e perderam o nascer do sol, chegando somente quando já havia gente descendo até.

Ao chegar, o termômetro marcava 6 graus. À medida que o calor da subida ia se dissipando, a sensação de frio aumentava. Talvez pela blusa suada, debaixo das outras blusas de frio. Outra dica que não dei muita atenção e vi que realmente tem a ver. Alguns relatos falavam sobre levar uma blusa seca para trocar assim que chegasse lá em cima, para evitar o congelamento da blusa que fica em contato com o corpo. Sei que por volta das 7:00 h começou a bater um frio terrível, e mesmo com o sol subindo eu estava sentindo mais frio do que durante a noite anterior. Momentos de tremedeira braba... hshsahshshsh.....









Após muitas fotos, e apreciação da natureza resolvemos que era a hora de descer. Já não havia quase ninguém mais lá em cima, já eram quase 9:00 h da manhã. Iniciamos a descida com calma, mais aliviados e felizes por ter alcançado o nosso objetivo. A pior parte da descida é a pressão na ponta dos dedões. São literalmente massacrados na ponta da bota.

Chegamos por volta das 11:00 h da manhã, cansados, mas extasiados pelo prazer da conquista. Sem descansar, arrumamos as coisas e combinamos de almoçar no mesmo restaurante que comemos na chegada, com a Dona Sebastiana. Paramos na portaria do parque, para fazer o acerto da diária a mais que ficamos, Christian pegou a moto e seguimos para o restaurante, agora pelo asfalto. Almoçamos que nos fartamos, comidinha caseira e bem temperada. Qual nossa surpresa, quando ela nos cobrou R$ 15,00 pela comida. Achava-mos que nos cobraria mais barato, pois já havíamos almoçado com ela antes. Enfim.....

Após o rango e muito cansados, decidimos seguir para a casa de um colega, que fica em Pedra Azul, para descansar. Saímos de Pedra Menina, passamos por Dores, Guaçuí, Alegre e entramos no trevo de Castelo, subindo a serra e saindo em Venda Nova do Imigrante. Como o Christian estava de moto e seguia na frente, se perdeu na entrada de Castelo e passou direto. Acabamos por desencontramos. Quando ele se tocou, voltou mas não conseguimos mais nos encontrar. Os celulares, tanto meu quanto dele estavam descarregados e aí já era. Quando ele me ligou, já eram 8:00 da noite e ele já havia chegado em casa, em Cariacica-ES.

Após uma deliciosa lasanha preparada pelo colega, apagamos e só acordamos 12 horas depois.

Foi uma trip inesquecível e sem sombra de dúvida, recomendada a todos que sonham em ir ao Pico da Bandeira. Não desistam desse sonho, vale a pena...

Fotos abaixo:


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